quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Sonhos não deixam de se realizar, talvez eles só levem mais tempo do que a gente imagina

Há seis anos atrás, sonhava que em 2014 já estaria no Líbano, estudando Design de Interiores, morando em um apartamento pequeno, aconchegante e que chamaria de casinha, ou melhor, a minha casinha. Nos dias de semana acordaria cedo e iria para faculdade, almoçaria na minha tia e iria fazer parte do dia a dia deles, como sempre sonhei.  Ficaria lá por algum tempo e ao anoitecer, voltaria para casa pronta para fazer o que precisava ser feito, e essa seria a minha rotina de segunda a quinta.

Nas sextas feiras,  acordaria cedo para ir para faculdade, almoçaria na casa da minha tia como todos os dias. Mas quando a noite chegasse iria aproveitar o que Beirute tem de melhor, iria sair para conhecer a cidade que amo e que sempre ouvi falar dela. Mas eu não pretendia fazer isso sozinha, afinal sempre fui o tipo de pessoa que adora uma boa companhia e odeia ficar sozinha.

Finais de semana seria parecidos com as sextas feiras, mas seriam mais aproveitadas, seriam programadas para que eu conhecesse mais o meu Líbano, aquele que sempre foi o meu país, mesmo não tendo o prazer de nascer nele.  Iria desvendar a cultura, a religião, as historias, as conquistas e as derrotas que esse pais de 10.400 quilômetros quadrados tem.

Sofreria por ter a minha família longe, afinal sempre fui muito apegada a eles, mas esperaria ansiosa e iria contar os dias que faltavam para eu vê-los, seja eu indo para o Brasil ou eles vindo para o Líbano. Afinal sabia que esse era o meu sonho, e como todos os sonhos, existem desafios que devem ser feitos, mas precisamos enfrenta-los, e seria isso que eu faria.

Sabia que não seria fácil, sentiria falta da minha mãe me dando os melhores conselhos, ou das nossas horas juntas conversando, das musicas que tocavam quando estávamos cozinhando, do carinho dela e do cheiro também. Sentira falta de ouvir a porta fechando e o barulho da chave do meu pai quando ele chegava em casa, assim como de quando ele me chamava de baixinha, mesmo sendo mais alta que ele. Sentiria falta das chatices dos meus irmãos, das risadas e da relação mais perfeita que eu já tive na vida.

Sabia que iria sentir falta de tudo isso e muito mais, mas sabia que não me perdoaria se eu não tentasse realizar o meu sonho. Então eu tomei a decisão que eu correria atrás daquilo que eu queria e lutaria até o final.

Comecei a pesquisar faculdades, a conversar com os meus pais e meus irmãos buscando ver o que eles achavam e aos poucos fui percebendo que eu realmente queria realizar o meu sonho. A primeira pessoa a saber foi a minha mãe, que ficou muito feliz com a minha decisão e me apoio em todos os sentidos, como sempre. Ela entrou comigo na batalha e mostrou pra mim que certos sonhos não devem morrer nunca, e que esse era um deles.

Meus irmãos partiram da seguinte opinião: Se é o que você deseja, a gente vai te apoiar em cada passo, mas você tem que ter certeza disso e precisa ter uma estratégia de volta, caso o seu sonho não se realize, afinal nem sempre as coisas acontecem como a gente deseja e ter um plano B nunca é errado. Acho que diferente da minha mãe de eu mesma, que estávamos pensando muito com a emoção, naquele momento eles foram a minha razão e me mostraram que eu deveria pensar em outras coisas também. Foi por isso que tomei a decisão de prestar vestibular no meu ultimo ano de escola.

O meu pai foi o mais difícil de convencer, ele não me falava não, mas também não falava sim. Ele preferia ficar quieto todas as vezes que questionado sobre esse assunto. As vezes sentia que ele era contra, mas outras sentia que ele era a favor. No final entendi, ele tinha medo de não me ter por perto, mas sabia que era por um bom motivo, e apesar de confuso, decidiu me apoiar.

Muitas pessoas não achava aquilo uma boa ideia, o que não me importava, pelo contrário, aquilo tudo me dava mais vontade de realizar o meu sonho e mostrar para todos que eu era capaz, mas no fundo eu não queria mostrar para eles e sim para mim. Eu queria olhar no espelho e falar para mim mesma que eu era capaz e que eu iria conseguir.

Então chegou 2011, meu último ano de escola e o meu último ano no Brasil. Nunca tinha desejado que um ano acabasse tão rápido, mas ele passou bem devagar. Foi um ano difícil, parecia que tudo ia dar errado, mas o que eu não sabia era que ele tinha me reservado um final maravilhoso, mas não da maneira que eu tinha previsto.

Na época de vestibulares me inscrevi em algumas faculdade, e naquele ano não tinha mais certeza do que queria fazer, e foi depois de pensar muito que decidi prestar jornalismo, mesmo não tendo muita certeza. Me inscrevi em 4 vestibulares, mas acabei fazendo apenas 2 provas, FUVEST e ESPM. E então depois de algum tempo descobri que havia passado na ESPM, que vinha  a ser a faculdade que o meu irmão estudava e a única que poderia me fazer pensar em desistir do sonho de ir para o Líbano estudar.

Quando recebi a notícia não sabia o que fazer, se deveria entrar na faculdade e desistir do meu sonho, ou se deveria seguir o meu sonho e desistir da única faculdade que eu gostaria de tentar. Confesso que fiquei muito confusa, afinal eu deveria escolher um caminho e esse caminho deveria ser o correto, mas como eu saberia se eu não tentasse?

Recorri a pessoa que eu mais confio, minha mãe, e resolvi ouvir o que ela tinha pra me dizer, afinal ela sempre me mostrou os melhores caminhos e sempre quis e desejou o melhor para mim. E foi conversando com ela que eu tomei a decisão, decisão aquela que me leva ao por que eu estar escrevendo isso, e também ao que eu me tornei depois de tomar umas das decisões mais difíceis da minha vida.

Decidi encarar a faculdade, pois sempre acreditei que nada acontece do nada em nossas vidas, e se eu havia passado na faculdade depois de um dos piores anos de escola, tinha um motivo,  motivo ao qual eu descobri e continuo descobrindo a cada dia que passa.

Tomei a decisão que julguei certa no momento, mas senti que estava desistindo de um sonho que havia durado três anos, o que era uma injustiça comigo mesma. Mas então as aulas começaram, tive que sair de casa e me mudar pra São Paulo, tive que ficar longe dos meus pais, mas tinha meus irmãos por perto, tinha que encarar o que estava por vir e precisava ter certeza que havia tomado a decisão certa. E ufa, eu tinha.

A cada dia que passava eu amava aquele lugar, eu encontrava pessoas que pensavam como eu e acima de tudo eu ia percebendo que havia tomado a decisão certa. Eu estava no caminho certo e estava preparada para o que estava por vir, mesmo não sabendo o que era.

Mas ai eu comecei a me perguntar: onde foi parar aquele sonho que eu lutei tanto? Eu simplesmente desisti dele? Como eu consegui fazer isso? Eu batalhei tanto por aquilo para agora desistir? Eu fui contra tudo aquilo que eu acreditava? Tudo aquilo que eu sempre quis e sonhei?

E ai as respostas começaram a aparecer. O sonho que eu tanto lutei ainda existe, ele só foi adiando para um futuro mais próximo, ou não. E eu tive que fazer isso porque uma coisa, que eu julguei melhor naquele momento, apareceu. Mas eu não desisti do sonho que eu tanto batalhei, eu não faria isso comigo mesma, afinal isso iria contra tudo aquilo que eu acreditava, contra tudo aquilo que eu sempre sonhei.

Falta uma ano para eu acabar a faculdade, para eu me formar e sair com o diploma na mão. E então novas chances vão surgir, uma nova etapa vai começar e assim como a minha vida mudou a partir do momento que eu pisei na ESPM, espero que ela mude quando eu pisar a última vez lá, e que mais momentos de conquistas, felicidades e aprendizado surjam na minha vida.

E então, quando começar 2016, eu espero estar realizando o sonho que surgiu em 2008. Mas dessa vez ele vai ser diferente, afinal já vou estar formada, não terei mais uma cabeça de 14 anos e sim uma de 22 anos. Estarei preparada para outras surpresas que a vida esta guardando para mim, assim como estarei em busca de outras conquistas.

Hoje eu sei que o que eu desejo pode não ser o que eu desejarei daqui a 2 anos, mas nada me impede de continuar idealizando o meu futuro, e por isso ele tem uma cara diferente da que eu tinha há 6 anos atrás, ele tem uma cara mais parecida com o que eu me tornei hoje.


Então caro leitor, apesar de não saber para quem escrevo nesse exato momento, espero que você saiba que os sonhos nunca acabam, talvez ele só são adiados, para que quando eles realmente aconteçam você possa dizer: “Valeu a pena esperar por isso”. E então novos sonhos irão surgir, novas idealizações vão acontecer e novas batalhas irão bater na sua porta, te dando as boas vindas para um lugar novo, onde o esforço, a coragem e a determinação são as suas principais armas e seu inimigo, pode ser você mesmo.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Gostar e desgostar

É engraçado como de uma hora para outra as coisas parecem não fazer mais sentido. De repente a gente para de sentir algo por alguém ou por algo. De repente os nossos gostos mudam, as coisas ao nosso redor param de fazer sentido, ou começam a fazer sentido.  O que parecia ser perfeito, perde o seu encanto, e o que parecia imperfeito, vira maravilhoso.

Muitas vezes estranhamos a mudança e fica difícil se adaptar ao novo. Mas isso não significa que o novo seja ruim, muitas vezes ele é necessário e útil. Ele faz com que você encontre e descubra um novo “eu”. Faz com que você perceba que nada na nossa vida acontece por acaso.

Esse dias mesmo, consegui perceber isso. O que há muito tempo me encantava, conseguiu se tornar insuportável, isso tudo por causa de um simples ato. Ato aquele que mostrou ser importantíssimo para a minha decisão. Decisão aquela que me fez refletir sobre isso, sobre como nós conseguimos gostar e desgostar de algo com o passar do anos.

E então consegui achar uma resposta simples. Podemos comparar essa troca de gostos com um filme, que na sua infância parecia ser o melhor filme do mundo. Você não se cansava de assistir ele, sabia as falas de trás pra frente, quando brincava sempre queria ser o personagem principal e fazia questão de saber tudo que se relacionava com esse filme.

Então você cresceu e deixou de lado, o que você julgava na época ser, o melhor filme do mundo. Mas um dia, trocando de canais, você descobriu que aquele mesmo filme estava passando, você sentiu uma nostalgia e começou a assisti-lo. Quando acabou, você percebeu que ele parecia ser muito melhor quando você era pequeno e que apesar de todas as lembranças que você tinha dele serem muito boas, você não consegue mais sentir o que você sentia antes.


Você percebe que mudou, que seu gosto não é mais o mesmo e que as coisas que antes te agradavam não te agradam mais. Que aquilo que parecia tudo na sua vida não é mais nada, que essas coisa estão sempre acontecendo e que essa é a lei da vida, o ser humano esta em constante mudança.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Quando ela chega

As vezes ela chega de repente, as vezes sem avisar, as vezes chega de uma maneira meiga, as vezes te pega de surpresa. Mas uma coisa é certa, ela nunca avisa que esta chegando, porém na maioria das vezes, isso não é um problema.

Mas quando ela chega, é inevitável. Ela vai brincar com as suas emoções, te levar a lugares, te fazer lembrar de coisas, vai fazer você chorar, assim como vai te fazer rir, vai fazer você sentir envergonhado, mas também orgulhoso.

Ela vai fazer de tudo, assim como te avisar “ei, eu estou aqui”, ou simplesmente te mostrar que ela sempre estará com você. Ela nunca vai te abandonar, porque estar com ela significa que, de alguma forma, valeu a pena.

Então, do mesmo jeito que ela chega, ela vai embora, mas você não se preocupa, pois no fundo você sabe que ela volta. E em cada momento que ela volta, ela se apresenta, sempre da mesma maneira “prazer, saudades”.