quarta-feira, 22 de abril de 2015

Lá estava você

Lá estava você, usando a blusa azul que eu amo, com o cabelo bagunçado e parecendo procurar alguém. Do outro lado da rua estava eu, com aquele vestido florido que você me deu, o cabelo preso, e sem saber o que fazer.
Por um segundo, achei que deveria ir até você, te dar um abraço e perguntar como estava a sua família, seus amigos, o seu emprego e a vida. Se você tinha conseguido ser promovido no trabalho, se havia passado aquela fase no vídeo game e se tinha feito aquela viagem para Europa. Tive vontade de saber se você estava bem, se estava feliz e realizado. Se os seus sonhos ainda eram os mesmos, e se algum novo havia surgido.
Desejei olhar nos seus olhos mais uma vez, nem que aquela fosse a última, te dizer que tudo o que senti por você foi verdadeiro, que em três anos tive um dos melhores relacionamentos da minha vida, que com você eu soube aproveita cada momento, e que eu aprendi a me valorizar, a enxergar os meus defeitos e qualidades todos os dias e fazer as mudanças necessárias para ser alguém melhor.
Queria te agradecer por sempre ter sido honesto comigo, e muitas vezes insistente em relação ao que eu fazia. Por me mostrar quando eu estava errada, por me apoiar sempre que necessário e por me aceitar da maneira que sou.
A minha vontade naquele momento era sentar e conversar sobre coisas que apenas nós dois conhecemos, rir das piadas que só a gente entende e voltar no tempo que eu e você estávamos juntos, compartilhando momentos que até hoje estão guardados em minha memória...
Em meio a todo esse pensamento, você continuava parado, olhando para os lados e para o relógio, com certeza esperando alguém, mas quem? Seria uma namorada? Um amigo? Algum familiar? Ou será que você estava me esperando? Afinal, você sabia que todo sábado de manhã eu passava por aquela rua.
O sinal de pedestres abriu e eu não sabia o que fazer, de repente senti medo da possibilidade de você me ver, de ter que te cumprimentar e perguntar como estavam todos, inclusive você. A vontade de te olhar nos olhos sumiu, assim como a de saber se você tinha conseguido tudo o que um dia desejou ou ainda deseja.
Eu congelei e não sabia o que fazer. Deveria ir até você ou voltar para casa? Passar na sua frente e fingir que não te vi? Ou passar olhando para ti até você notar? Fingir que estava no celular para ter uma desculpa de não parar para te cumprimentar? O que eu faria agora? A ansiedade foi aumentando e com ela veio o desespero.
Decidi dar meia volta e voltar para casa, de alguma forma achei melhor não saber o que poderia acontecer naquele momento. Deixei o ar vir no meu rosto e fechei os olhos para me acalmar, tentando não pensar mais em você, ou no seu jeito único que me fez sentir um amor diferente de qualquer outro que eu já tenha sentido.
Desejei ter um controle que desse uma pausa nos meus sentimentos ou que me deixasse mudar de canal. Queria que alguém chegasse e me fizesse parar de pensar em você, em nós e em tudo que a gente já tinha passado junto, mas aquilo parecia ser algo impossível. Então ouvi alguém chamar o meu nome, e quem poderia imaginar que esse alguém era você, vindo com o sorriso no rosto, parecendo feliz em finalmente me ver. 
Naquele momento senti que a sua voz era o meu controle, e que me rendi a você e ao seu amor no momento em que corria para o seus braços.

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